Amplitude
- Juliano Ferro

- 26 de jun. de 2024
- 1 min de leitura
Do preto ao branco,
Há imensidão e abismos,
Tantas cores que nem sei –
Verde, vermelha, amarela.
Há tanto e mais:
Limão, carmesim, mostarda,
Entre o sim e o não,
Que avançam, ao infinito,
Como talvezes, por talvegues,
Entretantos, entretempos,
Num sem-número de lacunas,
Incertezas mais que sabedorias,
Licenciadas pela paz
Com ordem de serviço
A tristezas e revoltas,
Inversos e multiversos,
Onde tudo é
Agradavelmente suprível,
Onde há paixões e
Questões a esmo,
Em ocultos, porque a vida
Não incorre em exatidões.
Menos muitas vezes é mais,
E muito, às vezes, mal.
A própria força gravitacional,
Se pensarmos,
Viola a manga podre do galho,
Esquece a queda reta
Sob a curva do espaço-tempo.
Qual o quê!
Se o ar da manhã é mistério
Aos olhos que não margeiam
A natureza arrepiada...
Se mesmo seu dono não se atém
Ao toque fresco e suave
No corpo: aos olhos, à boca,
Sobre cuja base vibrátil
Pode flutuar em lembranças,
Elevar-se em nostalgias
Amordaçado, inobstante,
Na pele que sua e aquece,
Rompe espaços,
Tateia labirinto, conexões,
Para abraçar antagonismos,
Por sinal, assim integrando-se,
Como ocorre à saudade,
Engastada a contrassensos,
Para primores, langores
E sabiás sapientíssimos,
Absoluta sobre
Bens e reveses,
Sobrevivente na dúvida
Da nossa própria concretude.
Existimos? Já nem sabemos.
Há muito quem questione
A nossa realidade.
E jaza na incoerência
De buscar, em vão,
Outros desvãos.
Hei eu de contrapor?
Não posso, porque tenho
Alimentado outros devaneios
Para manter nítida a abstração
Que me solicita, antes mesmo da razão,
A intuição própria de não desistir.
Juliano Ferro
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